Já na reta final de setembro, o programa da Rádio Telefonia do Alentejo, feito em parceria com a Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central, alertou para a importância da vigilância sanitária de piscinas.
A sessão contou com a participação de Patrícia Correia Rico, médica interna de Saúde Pública; Miguel Carvalhais, técnico de Saúde Ambiental; Maria Fialho e Gonçalo Cunha, ambos médicos internos de Formação Geral.
A importância que este tema assume foi destacada por Maria Fialho. “Nos últimos anos, a procura de piscinas para a realização de atividades desportivas, recreativas e terapêuticas tem vindo a crescer”, referiu, destacando que “importa que exista um controlo da qualidade da água que permita garantir que não existe risco para a saúde e a segurança dos seus utilizadores e mesmo dos trabalhadores”.
Explicou ainda que “há diferentes perigos que podem estar associados à utilização das piscinas, nomeadamente risco para a saúde, como doenças dermatológicas, alterações oculares (a conjuntivite é um exemplo) e outras infeções de vários tipos, incluindo respiratórias e gastrointestinais”.
A par disso, a médica interna realçou que “a infraestrutura da piscina deve ainda ter condições propícias à redução do risco de doença ou acidente, bem como dispor de planos de resposta em caso de evento que aumente o risco para a saúde dos utilizadores e trabalhadores”.
Esclareceu também que “cabe à entidade gestora, quer seja pública, quer seja privada, garantir que os parâmetros previstos na lei para garantir a utilização mais segura sejam controlados e, caso exista incumprimento, assegurar a sua correção adequada”.
Segundo Maria Fialho, “as unidades de Saúde Pública têm o papel de verificar o cumprimento destas medidas e agir em conformidade quando são detetados incumprimentos de valores paramétricos que signifiquem risco para a saúde, mas também de avaliar as piscinas e estruturas na sua dependência e proximidade, caso a sua utilização seja aberta ao público ou destinada a proporcionar um serviço complementar à atividade principal de determinado empreendimento”.
Por sua vez, Gonçalo Cunha adiantou que “podemos considerar que existem três tipos de piscina, com tipos diferentes de acesso a utilizadores”, salientando que “há as piscinas tipo 1, que são essencialmente piscinas públicas (ex: as municipais); as piscinas tipo 2:, consideradas piscinas semipúblicas (ex: as de hotéis ou condomínios) e as piscinas tipo 3, que são piscinas de uso particular (ex: nas residências da cada um)”.
Focou que “as piscinas tipos 1 e 2 encontram-se contempladas no Programa de Vigilância Sanitária de Piscinas, o que não é o caso das piscinas tipo 3”, constatando que “cabe fundamentalmente aos proprietários o controlo das piscinas de casas particulares, que apenas são sujeitas a vigilância excecionalmente, quando são fonte provável de contaminação que ponha em causa a saúde pública”.
Já Patrícia Correia Rico deu conta de que o Programa de Vigilância Sanitária de Piscinas visa “a proteção da saúde das populações e identificação dos diferentes riscos existentes, bem como de potenciais riscos para a saúde”.
Reiterou que “para tal importa uma boa articulação com as entidades gestoras dos diferentes tipos de piscina de modo a melhor garantir que a qualidade da água, salubridade e segurança de infraestruturas e espaços físicos é mantida”, lembrando ainda a importância de “fornecer informação a utilizadores e entidades competentes em termos da qualidade da água e fatores laterais que a possam influenciar”.
Assim sendo, a médica interna de Saúde Pública evidenciou que “são verificados aspetos inerentes à instalação, na vertente tecnológica, que de um modo geral procura identificar, analisar e controlar pontos críticos dos sistemas e das instalações das quais o funcionamento da piscina depende”.
Acrescentou que “é também verificada a qualidade da água dos tanques, na vertente analítica, através da realização de análises aos diversos parâmetros de qualidade, nomeadamente microbiológicos e físico-químicos”.
Durante o programa, coube a Miguel Carvalhais explicitar as atividades envolvidas na operacionalização do Programa de Vigilância Sanitária de Piscinas. Estando este técnico de Saúde Ambiental no terreno, a sua partilha enriqueceu a conversa e ajudou a perceber como é que na prática se desencadeia todo este processo.
Na reta final, Gonçalo Cunha reforçou que “as três vertentes em que o programa está dividido (tecnológica, analítica e epidemiológica) são cruciais para a monitorização e manutenção da qualidade da água e do ar e para a identificação e mitigação de riscos de Saúde Pública”.
Ressalvou que “a ausência de um programa estruturado pode levar com maior frequência ao surgimento de doenças e a ocorrência de acidentes”.
Maria Fialho complementou, referindo que “as entidades gestoras das piscinas participam ativamente no processo de controlo e manutenção das mesmas, mas a colaboração dos utilizadores é essencial”.
A esse respeito, frisou que “medidas simples, como a higiene pessoal, supervisão de crianças e a adesão às regras de utilização, ajudam na criação de um ambiente limpo e seguro”, recordando mais uma vez que “a prevenção é sempre a melhor abordagem”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal