É no outono e no inverno que a gripe e a covid-19 causam maior impacto, sendo por isso recomendada, a determinados grupos, a vacinação contra estas doenças. Este foi assim o tema destacado em outubro no programa da Rádio Telefonia do Alentejo feito em parceria com a Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central.
A abordagem a esta temática foi feita pela médica especialista em Saúde Pública, Vera Leal Pessoa, e pela médica interna de Saúde Pública, Patrícia Correia Rico.
Para início de conversa, Vera Leal Pessoa explicou que “a vacinação sazonal é uma estratégia essencial de Saúde Pública que tem por objetivo imunizar a população em períodos específicos do ano, nos quais algumas doenças tendem a apresentar um aumento considerável na sua incidência, isto é, no número de novos casos”.
Acrescentou que, “neste caso, a vacinação realizada em determinados grupos durante a época outono-inverno, isto é, entre os meses de outubro e abril, visa proteger contra doenças que tipicamente apresentam picos de incidência nesta altura do ano, como a gripe e a covid-19”.
Segundo a mesma médica, “esta estratégia procura contribuir para a saúde individual, mas desempenha sobretudo um papel crucial na proteção da saúde coletiva durante períodos críticos em que a circulação e transmissão de vírus respiratórios se encontra mais ativa”.
Evidenciou também que “o reforço da vacinação contra a gripe e contra a covid-19 têm como principal desígnio reduzir o risco de doença grave, internamento ou morte, durante os meses em que têm maior circulação, diminuindo-se de forma relevante a sobrecarga dos serviços de saúde”.
Vera Leal Pessoa sublinhou ainda que “a Campanha de Vacinação Sazonal do Outono-Inverno 2024-2025, que inclui, especificamente, as vacinas contra a gripe e a covid-19, arrancou no passado dia 20 de setembro, em cerca de 3 500 pontos de vacinação distribuídos por todo o país”.
Destacou que “o objetivo é vacinar 2,1 milhões de pessoas contra a covid-19 e 2,5 milhões de pessoas contra a gripe (das quais 2,1 milhões de dose padrão e 360 mil de dose elevada), de acordo com critérios de elegibilidade”.
Por sua vez, Patrícia Correia Rico recordou que “a vacina é gratuita para alguns grupos em específico, nomeadamente utentes com mais de 60 anos; utentes com patologias de risco, doença crónica e outras condições que condicionem aumento do risco para o desenvolvimento destas infeções/doenças; ou grávidas”.
A par disso, enumerou outros grupos abrangidos, como “profissionais e utentes/residentes em ERPI ou instituições similares e unidades da RNCCI; profissionais dos serviços de saúde (públicos e privados) e outros serviços prestadores de cuidados de saúde; ou pessoas de outros contextos específicos, como em situação de sem abrigo ou em estabelecimentos prisionais”.
A mesma médica esclareceu ainda que, “no caso das vacinas da gripe e da covid-19, a administração pode ser feita em simultâneo, não sendo necessário respeitar qualquer intervalo de tempo entre a administração destas duas vacinas”.
A esse respeito, Vera Leal Pessoa referiu também que “é possível optar pela vacinação de apenas uma das duas vacinas, não sendo a vacinação obrigatória, mas fortemente recomendada, tendo em conta a proteção individual e da saúde coletiva da população”.
Além disso, Patrícia Correia Rico focou que, “desde que não haja nenhuma contraindicação ou precaução que o impeça, estas duas vacinas podem ser ambas administradas mesmo que tenha sido administrada uma outra vacina diferente recentemente”, alertando que “é importante referir isso ao profissional de saúde antes da administração”.
A par disso, mencionou que “se deve adiar a vacinação, caso o utente tenha sido diagnosticado com covid-19, recentemente, mais especificamente, até, pelo menos, aos 90 dias seguintes”
Quanto a outras situações em que é necessário adiar a vacinação, a mesma médica frisou que “em pessoas com doença aguda grave, com ou sem febre, deve aguardar-se até à recuperação completa da doença”, reiterando ainda que, “caso se trate de uma infeção ligeira, caracterizada por sintomas inespecíficos, à partida, não será necessário o adiamento da vacinação, tendo, contudo, que se avaliar caso a caso”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS