O primeiro programa deste ano da Rádio Telefonia do Alentejo (RTA) dedicado à saúde pública teve como foco a prevenção da doença e a promoção da longevidade com responsabilidade e qualidade.
Mais uma vez, foi feito em parceria com a Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central, contando, neste caso, também com a colaboração da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) de Arraiolos.
Esta emissão, realizada na última quinta-feira de janeiro, foi “conduzida” por Vera Leal Pessoa, médica especialista em Saúde Pública, contando com as intervenções das enfermeiras Ana Sofia Sousa e Andreia Louro, mestrandas de Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública.
Segundo Vera Leal Pessoa, “este programa foi realizado a partir das temáticas trabalhadas por essas enfermeiras no âmbito dos seus projetos de mestrado”.
Especificou que, “no caso da Ana Sofia Sousa, foi desenvolvido um projeto intitulado ‘Prevenção de complicações do pé diabético e promoção da literacia em saúde’”, acrescentando que, “no caso da Andreia Louro, foi um projeto intitulado ‘Longevidade com responsabilidade na prevenção da dependência no jogo de raspadinhas’, que teve como público-alvo as pessoas com 65 ou mais anos”.
A par disso, a médica especialista em Saúde Pública referiu que “o programa também teve a participação de José Dores, enfermeiro e diretor assistente do Programa Nacional para a Diabetes da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, e de Carla Temudo, enfermeira especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica do Centro de Respostas Integradas do Norte Alentejano (Unidade de Elvas)”.
De acordo com Andreia Louro, “a enfermeira Carla abordou o impacto do envelhecimento populacional e a vulnerabilidade associada aos comportamentos aditivos, nomeadamente ao jogo patológico”.
Além disso, “explicou que o envelhecimento, combinado com fatores socioeconómicos, pode aumentar a predisposição para a dependência no jogo, sendo essencial intervir preventivamente”.
A mesma enfermeira deu conta de ter sido referido que “o vício em raspadinhas pode estar associado a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e que estudos indicam que jogadores problemáticos apresentam uma maior probabilidade de desenvolver transtornos psiquiátricos e dependência de substâncias”.
Nesse sentido, foi defendida “a importância da educação para a saúde, sensibilizando a população idosa sobre os riscos e sinais de alerta do vício em jogos, nomeadamente incapacidade para parar; aumento da tolerância (necessidade de aumentar a frequência e intensidade do comportamento para obter o mesmo efeito); foco constante no comportamento; perda de controlo; abstinência ou problemas pessoais e de saúde”.
Durante o programa da RTA, as enfermeiras evidenciaram que “existem estratégias para evitar a dependência no jogo”, exemplificando com “estabelecer limites de tempo e dinheiro; evitar ambientes que incentivem o jogo e procurar ajuda ao primeiro sinal de problema”.
A esse nível, destacaram a existência de “estruturas de apoio e a Linha 1414, disponibilizada pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), que é um serviço anónimo, gratuito e confidencial de aconselhamento e informação na área do aconselhamento psicológico e dos comportamentos aditivos e dependências”.
Relativamente à outra temática debatida, Ana Sofia Sousa recordou que “a prevenção da diabetes é a melhor forma de evitar o pé diabético”, sublinhando, contudo, que “quando existe um diagnóstico de diabetes a promoção de estilos de vida saudáveis e o controlo glicémico tornam-se o foco principal”.
Frisou ainda que “o enfermeiro José focou a importância de uma alimentação saudável, do exercício físico e da manutenção de peso adequado”, sendo também realçado que “são várias as complicações da diabetes, como retinopatia diabética, nefropatia diabética ou o pé diabético, para além do risco acrescido de enfarte agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral”.
Durante a conversa, “foi possível desmistificar o termo ‘pé diabético’, que inclui todas as alterações que a diabetes provoca a nível dos pés, como alterações vasculares e sensitivas, onde mais facilmente poderá surgir uma ferida”.
Ficou ainda o alerta de que “todas as alterações podem ser evitadas pelo controlo glicémico e pelos hábitos de vida saudáveis”, sendo salientado que “o autocuidado e a vigilância por parte dos profissionais de saúde são essenciais para prevenir amputações”.
Em jeito de conclusão, os enfermeiros adiantaram que “a pessoa com diabetes é o ator principal no seu autocuidado e na gestão da doença, sendo o papel dos profissionais de saúde de capacitação da pessoa e de promoção da literacia em saúde”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS