A Hepatite A foi o tema do programa extra de saúde pública emitido no dia 18 de março na Rádio Telefonia do Alentejo (RTA). Como habitualmente, foi realizado em parceria com a Unidade de Saúde Pública (USP) do Alentejo Central.
Nesta sessão, a médica especialista em Saúde Pública (SP), Vera Leal Pessoa, e a médica interna em SP, Beatriz de Aranha, falaram dos sintomas desta doença, dos locais onde os infetados se devem dirigir e ainda das formas de prevenção.
Segundo Beatriz de Aranha, “falamos de uma doença infecciosa que afeta o fígado e que é causada pelo vírus da hepatite A”, referindo que “as crianças tendem a ter sintomas mais ligeiros, enquanto os adultos podem apresentar um quadro mais grave de hepatite aguda”.
Quanto à sintomatologia mais frequente, explicou que “consiste em icterícia (cor amarelada da pele e dos olhos), cansaço, dor abdominal, náuseas e vómitos”, adiantando que “pode ainda haver urina de cor escura e fezes esbranquiçadas”.
A médica interna em SP deu ainda conta de que “as complicações da hepatite A são raras”, frisando que “menos de um a cada 10 infetados desenvolve uma condição grave que é a hepatite fulminante”.
Especificou também que “o período médio de incubação do vírus da Hepatite A é de 28 dias, variando de 15 a 50 dias”, sublinhando que “o vírus é eliminado nas fezes, em elevadas concentrações, desde duas a três semanas antes até uma semana após o aparecimento dos sintomas”.
Por sua vez, Vera Leal Pessoa focou que “os sintomas podem ser mais ligeiros ou mais graves e, mediante essa diferença, a pessoa deve dirigir-se ao serviço de saúde mais adequado”.
Exemplificou que “para uma pessoa com dores de cabeça, sensação de mal-estar e sem mais queixas o mais indicado pode ser ligar para a linha de saúde do SNS24 (808 24 24 24)”.
De acordo com a médica especialista em SP, “no caso de uma pessoa com dores de cabeça, dores abdominais e náuseas pode inscrever-se numa consulta aberta no centro de saúde, onde será avaliado”.
Apontou ainda o exemplo de “uma criança que acorde com os olhos amarelados, a vomitar e com muitas dores abdominais”, dizendo que, “nesse caso, os cuidadores deverão recorrer, de imediato, ao serviço de urgência”.
Quanto às formas de contágio, Beatriz de Aranha revelou que “o mais comum é a transmissão da hepatite A ser através de água ou alimentos contaminados com fezes de uma pessoa infetada”, reiterando que “esta via de transmissão torna-se particularmente importante em pessoas que viajam para locais com más condições de saneamento básico”.
No entanto, alertou que esta doença também “pode ser transmitida por via sexual, uma vez que durante o sexo há o contacto entre vários fluidos e é possível que, direta ou indiretamente, haja contacto de partículas de fezes com a boca”.
Em relação às formas de evitar a infeção, Vera Leal Pessoa recordou que “quando se inicia um surto, há uma espécie de efeito dominó e a vacina quebra esse efeito”, garantindo que “a vacina contra a Hepatite A é segura e está indicada para todos os contactos próximos de uma pessoa infetada”.
Especificou ainda que “a sua administração deve ser feita em duas doses com um intervalo de seis meses a um ano entre doses”, sustentando que “as duas doses são cruciais para haver uma proteção eficiente a longo prazo de pessoas em risco de se infetarem com hepatite A”.
A médica especialista em SP apontou ainda que “a vacina também pode ser feita em contexto de viagem para países onde a hepatite A é endémica; além de ser importante vacinar pessoas que tenham práticas sexuais de risco, infeção por HIV/SIDA, candidatos a transplante hepático e crianças sob terapêutica com fatores de coagulação”.
A par disso, destacou “outras medidas a adotar para prevenir a transmissão do vírus da hepatite A, como a higiene das mãos antes e depois de comer, antes e após ir à casa de banho e antes e após as relações sexuais; a higiene dos espaços de preparação e confeção de alimentos; evitar alimentos crus ou mal cozinhados e preferir água potável ou engarrafada”.
Vera Leal Pessoa ressalvou também que “o tratamento da Hepatite A foca-se no alívio dos sintomas, sendo importante garantir o repouso e a hidratação e evitar o consumo de álcool”, reforçando que “a medida mais importante continua a ser a vacinação”.
Beatriz de Aranha relembrou que “se uma pessoa suspeitar que possa ter contactado com alguém com hepatite A pode ter a iniciativa de ir ao centro de saúde para saber se é elegível para a vacina, podendo também ligar para a linha de saúde do SNS24”.
Evidenciou ainda que “esta é uma doença de evicção escolar, ou seja, as crianças infetadas devem ir para casa e ficar afastadas da comunidade escolar”, informando que “a confirmação do diagnóstico da hepatite A faz-se através de uma análise ao sangue”.
A médica interna em SP salientou também que “a hepatite A é uma doença de notificação obrigatória, pelo que todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser reportados no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica pelos médicos responsáveis pelo diagnóstico”.
Texto: Redação DS / Marina Pardal
Foto: DS